quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Pauta Especial 2: União Européia: 50 anos

A Qüinqüagenária União Européia

50 anos atrás, a 25 de março de 1957, era assinado, em Roma, pelos países Alemanha, Itália, Bélgica, França, Holanda e Luxemburgo, o Tratado de Roma, documento que deu início ao que hoje conhece-se como União Européia (UE). Em 57, o Tratado ainda abordava somente dois pontos – União Aduaneira e uma política agrícola comum - que, apesar de importantes, ainda não eram exatamente aspectos de uma futura União Européia. Hoje, 50 anos após a assinatura do documento que instituiu o início da consolidação européia em um único território, 27 países são membros do que conhecemos como UE: Bélgica, França, Reino Unido, Holanda, Alemanha, Itália, Portugal, Espanha, Áustria, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Finlândia, Grécia, Hungria, Irlanda, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, República Checa, Romênia e Suécia.
2007 está sendo, então, um ano de muitas festividades para os europeus, que vêem seu “país” aumentar a cada ano com a adesão de novo membros. Macedônia, Croácia e Turquia são os países que mais pleiteiam uma vaga na UE de hoje, e, para esses e outros países da Europa, fazer parte da UE significa não somente comercializar mais facilmente com o resto do velho continente, mas é também uma ajuda no processo de enriquecimento. E por isso que muitos países fazem tanta questão de fazer parte da União.
Além de ser uma união aduaneira, a UE é também uma tentativa dos europeus de formar um só grande país composto de inúmeros outros pequenos países. Não há polícia federal nas fronteiras dos países da UE, e os cidadãos europeus podem circular livremente pela Europa sem precisar nem de um passaporte, mas portando somente suas cédulas de identidade. Os europeus ainda podem dirigir em qualquer país membro da UE, e com a adoção do Euro em 2002, o comércio ficou muito mais fácil.

O EURO

A zona do euro (€) é um conjunto de 15 países da UE que adotaram o uso do euro como moeda de troca comercial. Esses países são: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslovênia, Espanha, Portugal, França, Holanda, Finlândia, Grécia, Itália, Luxemburgo, Malta e Irlanda. Além desses países, o euro é ainda adotado em países anãos europeus, como o Vaticano, Andorra, Mônaco, São Marino e Montenegro.

Em Frankfurt am Main fica a sede do Banco Central Europeu (BCE), local aonde as políticas monetárias européias são decididas e no qual são controladas as emissões do euro. Cada país emite seus próprios euros, sendo que, curiosamente, cada um dos 15 da zona do euro adota um padrão diferente na confecção de moedas – cada país coloca um desenho diferente atrás de cada uma das moedas.

A vantagem de uma moeda única na UE é que, com o euro, o comércio entre os países fica mais fácil, e a noção da Europa como um grande país se consolida mais. Para os europeus, nada mais prático que conseguir deslocar-se por vários outros países usando a mesma moeda – o euro utilizado em um dos 15 países vale para todos os outros. Apesar disso, países importantes como o Reino Unido não adotaram e nem pensam em adotar o euro como moeda, uma vez que as suas são mais fortes que este.

Uma Constituição Européia única

Nos dias atuais, a UE é um exemplo de como diferentes países podem se aliar em benefício próprio. “Ser cidadão europeu é muito bom, pois podemos andar livremente pela Europa e nos sentimos unidos”, conta Kries Vanhecke, professora aposentada belga que é uma das grandes defensoras da UE. Para nós, latinoamericanos que ainda sonhamos com a criação de um MERCOSUL, a UE é uma verdadeiro exemplo de como trabalhar.

A UE, que tem como capital a cidade de Bruxelas, na Bélgica, é, ainda, unida na maioria das decisões políticas e caminha para a união legislativa também – desde 2003, os europeus vêm tentando, sem sucesso, criar uma Constituição Européia (CE) única. Em 2006, a Holanda e a França, em referendo popular, reprovaram a criação da Constituição. Os motivos foram basicamente políticos – a França é conhecida por criar entraves a tudo e por querer a liderança da UE -, e por tais motivos a sede do Parlamento Europeu fica em Estrasburgo, não em Bruxelas.

Após a reprovação por parte da França e da Holanda da CE, a UE vem tentando modificar o texto desta para conseguir a aprovação dos dois países – os únicos que ainda não aprovaram a CE. Para alguns europeus, “a criação de uma Constituição única significa muito. É um passo enorme em direção a um futuro melhor”, como afirmou o arquiteto também belga Noël Derluyn. Caso a Europa unificasse finalmente os Três Poderes, seria criado um novo grande país extremamente rico e diversificado.

Imigração ilegal e diversidade étnica

Um dos grandes problemas que a Europa vem enfrentando, juntamente com a reprovação da Constituição e a não-adesão de todos os membros à zona do euro, é a intensa imigração ilegal, principalmente de cidadãos vindos de ex-colônias européias. O problema é tão grande que em diversos países europeus afloram movimentos neo-nazistas e ultra-direitistas.

O ponto central da questão imigratória é que, devido à imensa potência econômica que se tornou a UE, o fluxo imigratório aumentou para os países mais ricos como Alemanha, Bélgica, França, Itália e Espanha. “A maioria desses imigrantes são africanos que atravessam o oceano em condições precárias e chegam à Europa em busca de uma vida melhor”, afirma Vanhecke.

A escolha dos países da UE para os imigrantes está diretamente relacionada às facilidades dadas pelos sistemas sociais europeus. Muitos dos imigrantes recebem ajudas de diversas entidades européias, e, a partir do momento que geram um filho europeu, passam a ter certos privilégios como direito a casa, saúde, educação e dinheiro – na realidade, quem tem direito a essas coisas são os filhos, europeus, mas os pais acabam se aproveitando da situação.

Para combater a situação, diversos governos de diferentes países da UE vêm tentando evitar o crescimento da imigração ilegal e vêm incentivando a imigração legal. Para a Europa, é interessante criar uma diversidade étnica no continente, mas esta deve ser controlada, evitando que o europeu perca espaço para o africano ou americano ou asiático. Além disso, já hoje, em todo o velho continente, existem milhões de não-europeus naturalizados, que trouxeram consigo suas culturas e costumes, somando-os aos dos europeus. Perder tal riqueza cultural não é interessante para a UE.

Brasil e a UE

Nas relações com o Brasil, a UE se mostra, muitas vezes, imparcial. Apesar das boas relações mantidas com o bloco, o Brasil encontra, recorrentemente, problemas com embargos a produtos agrícolas e à carne brasileira. Não obstante, as relações comerciais entre os dois são pacíficas e produtivas.

Apesar da boa parceria comercial, o verdadeiro problema entre os dois países se dá quando o assunto é a Rodada de Doha, rodada comercial da Organização Mundial do Comércio na qual a UE e outros países desenvolvidos criam barreiras econômicas aos produtos brasileiros e aos de outras nações subdesenvolvidas.

A União Européia hoje

Hoje, 50 anos após a criação do Pactum Romanum (Tratado de Roma), a UE é um país pacífico, livre e próspero. Apesar de seus vários problemas políticos, que datam desde a idade média, quando França, Alemanha e Inglaterra já disputavam pelo poder sobre a Europa, a UE caminha por uma estrada asfaltada e tranqüila, que dará, como muitos já prevêem, na consolidação de um novo país pleno – apesar de ser tratada e referida sempre como sendo um país, a UE não chegou, ainda, nesse nível -, com todos os Poderes unificados. E para muitos europeus isso é o mais importante: caminhar em direção à paz.

Apesar disso, ainda existem entraves nas negociações da UE, como, por exemplo, a (não) adesão da Turquia, que tenta fazer parte da União desde o final do século passado e até hoje não conseguiu, por não ser considerada território europeu. Em contrapartida, quase que anualmente são aprovadas novas entradas no bloco, o que mostra que ele não está parado.

Além de importante na Europa, o bloco também é importante nas decisões mundiais: não se podem ser tomadas decisões sem consultar, antes, a UE, que luta quase que diariamente por causas nobres como a paz mundial e contra as atuais políticas ambientais do mundo inteiro.


http://www.youtube.com/watch?v=TlPG4L3zf-c
http://www.youtube.com/watch?v=h-cj9C7nLkc



Entrevista com Kries Vanhecke e Noël Derluyn

Kries Vanhecke, 63, professora aposentada, e Noël Derluyn, 68, arquiteto, são dois belgas apaixonados pela União Européia (UE). Seu país, apesar de mínimo, é de enorme importância para o bloco europeu, desempenhando o papel de líder deste. A capital da Bélgica, Bruxelas, é também capital da Europa, e os belgas, orgulhosos como são com relação à UE, adoram esta. São um exemplo de povo que luta por uma Europa unificada.

1) O que significa a UE para vocês, que moram em um país tão pequeno e que agora faz parte de um “país” tão grande?

Noël Derluyn: Morar na Bélgica é algo muito bom, para primeiro de conversa. Muitas poucas pessoas sabem que, apesar de nosso tamanho, fomos nós que demos início à UE, e nós que mantemos a liderança dela. Não que isso seja algo importante, claro. Mas é bom ver que nosso país fez alguma coisa para melhorar a situação de todos.
Kries Vanhecke: A UE significa a união dos povos europeus. Somos diferentes, porém, no fundo, iguais. Fazer parte de um país como a UE é algo extremamente excitante! Gosto da idéia de unir o povo europeu. E a UE, claro, significa muito mais que somente viajar sem passaporte e sem precisar trocar de dinheiro. Significa também adquirirmos e aceitarmos uma identidade européia única.

2) O que vocês acharam da reprovação, por parte da França e da Holanda, da Constituição Européia?

KV: Os franceses sempre foram assim: chauvinistas. O problema é que a França ainda teme que algum outro país se torne soberano na Europa. Acho que eles ainda não entenderam que o governo da Europa foi dado à Bélgica, um país imparcial e sempre pacifista, exatamente por isso. O que aconteceu foi que colocaram o povo para votar a aprovação da Constituição, mas o povo francês simplesmente não aceita abaixar a cabeça perante os outros...São muito orgulhosos. Já a Holanda...bem, esse é um caso à parte.
ND: Belgas flamengos e holandeses têm uma certa rixa entre si. Mas deixando isso de lado um pouco, acho que aconteceu o que deveria acontecer. Vivemos em uma democracia, e se o povo de um país não quer uma Constituição nova e igual a todas as outras, é direito deles. Claro que concordo que, no caso da França, pesa muito o fato de o povo francês ser patriota em demasia às vezes. Mas os argumentos apresentados tanto pelos holandeses quanto pelos franceses foram convincentes. Aquele ainda não era o momento de uma Constituição

3) E a Turquia, como vocês se posicionam nessa polêmica?

KV: Acho que o problema da Turquia é não fazer parte do território europeu. Um dos requerimentos básicos para a entrada na UE é justamente que o país faça parte do continente europeu. A Turquia só possui uma pequena parte no continente. Não tenho nada contra turcos, mas realmente acho que eles simplesmente não são europeus.
ND: Tem outra coisa. Não é só o espaço geográfico turco que pesa n decisão. Os turcos também não são europeus culturalmente falando. São um outro povo, com uma religião totalmente diferente, com costumes diferentes. Seria como colocar algo que não maionese nas batatas fritas! [Na Bélgica se come batata frita com maionese, por isso a alusão]

4) E o euro? Quando morei na Bélgica notei que muitos de vocês ainda faziam cálculos em Francos!

ND: É, esse é o grande problema nosso. Ainda não estamos tão acostumados assim ao euro. Só temos noção da quantia que estamos gastando quando passamos o valor para Francos.
KV: Isso é puro costume. Nos damos bem já com o euro. É uma moeda fácil de ser usada, e bastante forte.

5) Por último, gostaria que vocês comentassem um pouco sobre os imigrantes. Lembro de vários partidos de extrema direita que eram bastante radicais quando o assunto era imigração. Qual a posição de vocês?

ND: Vivemos em um país tão pequeno que não nos incomodamos com essas coisas. Quer dizer, há quem se incomode, claro, mas a maioria dos belgas é mais extremista com os próprios belgas valões [a Valônia é a parte sul, aonde se fala Francês. Há uma briga interna entre Norte flamengo e Sul valão]. Não somos daqueles que pensam que os imigrantes vêm aqui roubar nossos empregos. Há empregos para todos.
KV: Imigrantes são bons também. Eles não trazem só coisas ruins, como muitos pensam. O problema do emprego é argumento para quem não sabe o que dizer. Os imigrantes ocupam empregos que a maioria de nós não quer. São lixeiros, empregados, vendedores. Apesar disso, existem sim, como você mesmo disse, partidos (e pessoas afiliadas) que são extremistas e enxergam esse imigrantes como uma praga. Essas pessoas não sabem muito o que dizem, e falam que lutam por uma Europa melhor quando não conseguem nem aceitar diferenças culturais e étnicas.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Estados Unidos continuam sacudindo as bolsas mundiais

A turbulência gerada pela crise do crédito imobiliário dos EUA vem acarretando recuo do investimento de empresas, ou até mesmo levando algumas à falência, o que conseqüentemente resulta em um alto número de demissões.
Em suma, a crise está localizada em torno da zona de alto risco de inadimplência, devido ao alto custo dos juros cobrados. O temor maior é que essa inadimplência - pertencente ao grupo chamado de “subprime” (nome designado aos inadimplentes) supere o setor unicamente imobiliário, onde vem se concentrando, e se estenda pelos outros setores da economia, e então o ritmo de consumo das famílias americanas acabaria desacelerando acentuadamente em curto prazo.
A falência da companhia American Home Mortgage Investment Corp é um exemplo dessa crise. A empresa de créditos imobiliários “quebrou”, declarando falência em 13 de agosto. Michael Strauss, presidente da empresa, diz que reduzirá o número de fucionários de 7 mil para 750, resultando em um total de 90% de funcionários demitidos, e explicou ainda que esse número não tem nada a ver com a produtividade da empresa, mas com as condições do mercado.

Saiba mais: http://g1.globo.com/Noticias/Economia/0,,MUL83580-5599-1031,00.html

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Caso Madeleine

O caso da menina inglesa Madeleine McCann, 4, desaparecida em Portugal em maio passado, adquiriu novas proporções nas duas últimas semanas. Agora, os pais da garota foram oficialmente considerados suspeitos de seu desaparecimento pela polícia portuguesa. As suspeitas foram levantadas após a polícia encontrar sangue em um carro alugado pelos pais de Maddie, Gerry e Kate McCann. Além do sangue - que ainda não se sabe se é de Madeleine -, foi encontrada uma quantidade grande de cabelo da menina no carro.
Desde que a garota inglesa desapareceu, amigos do casal e os próprios pais já foram chamados inúmeras vezes a depôr. Como as inconsistências nos depoimentos eram inúmeras, a polícia portuguesa passou a investigar o casal. Foi ainda encontrada uma seringa no quarto em que se hospedava a família, e a polícia cogita que, acidentalmente, Gerry e Kate tenham dado uma dosagem grande de calmante para a filha dormir, matando-a de overdose e escondendo o corpo depois.
Uma outra possível hipótese é que, após matarem sua filha acidentalmente, o casal McCann tenha transportado o corpo da filha para perto de uma igreja na cidade de Praia da Luz, e, algum tempo depois, o tenha despejado em algum lugar.
Madeleine McCann desapareceu em maio passado enquanto seus pais comiam em um retaurante próximo à casa alugada em Praia da Luz, Portugal. Deixar filhos pequenos totalmente sozinhos em casa é considerado crime no Reino Unido.

Especial: Imigração ilegal

O Podcast abaixo é de um jornalista britânico, Philippe Legrain, que publicou recentemente um livro entitulado "Immigrants: Your Country Needs Them". O áudio está em inglês, mas é muito fácil de entender. É uma palestra dele sobre os efeitos positivos da imigração no mundo inteiro. (por ser britânico, ele exemplifica mais com a Europa, mas o que ele fala vale para qualquer país).
Como não consigo fazer upload de podcasts ou vídeos aqui - sempre dá errado -, copiem e colem o link!

www.timbro.se/mp3/legrain_speech_070521.mp3

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Especial: Imigração ilegal

CRÔNICA

Sobre imigração e estranhezas do mundo

Por Lucas Hackradt

A tal da imigração é um assunto que, hoje, não sai de pauta. Literalmente. Todos os dias – tudo bem, talvez não no Brasil -, jornais do mundo todo publicam matérias sobre o tema. Em alguns lugares as notícias adotam uma posição favorável à imigração, em outros, adotam uma posição desfavorável. É uma verdadeira pedra no sapato das pessoas, pois o assunto é polêmico e ninguém sabe ao certo se a imigração é algo bom ou ruim. Aliás, quem decide isso?
A real polêmica que gira em torno do assunto é a imigração ilegal. Como a maioria dos países ricos não quer que sua população tenha seus empregos roubados pelos diabólicos imigrantes, são criadas leis anti-imigração que impedem pessoas de países pobres de se mudarem e/ou trabalharem no primeiro mundo. O problema é que isso obriga aqueles que buscam uma oportunidade a procurá-la pelas vias obscuras. Oras, se não há como viver bem legalmente, viva-se bem ilegalmente!
O que falta para os governos ricos entenderem é que a imigração não é esse bicho de setenta cabeças – se fossem só sete o mundo seria um lugar tão melhor - que eles acham que é. Sem os milhões de latinos que trabalham nos EUA, que seria de George W. Bush? Se não fossem pelos milhões de africanos que moram na Europa, teria o velho continente o prestígio que tem hoje? (aliás, somente uma observação: o time nacional de futebol francês, tão bem cotado, não deve ter mais que 4 jogadores que sejam realmente de origem francesa).
Há estudos que comprovam que nem os EUA e nem a Europa sobreviveriam sem a existência dos malvados imigrantes. A verdade é que os estrangeiros respondem por uma parte imensa das economias ricas. Isso não parece absurdo? Não é o que diriam as milhões de Dolores que limpam as casas dos milionários do primeiro mundo. (que me desculpem as Dolores, mas foi o nome mexicano mais genérico que encontrei).
O preço a pagar por querer ter uma vida melhor nos EUA parece ok para os imigrantes. Pela bagatela de R$11 mil, compra-se um bilhete que dá direito a uma luxuosa viagem em um camburão especial para imigração, juntamente com outras 40 pessoas – no carro cabem, normalmente, umas 25. O carro cruza a fronteira entre o México e os EUA geralmente por um terreno extremamente próprio, cheio de buracos; a refeição, servida por belos mexicanos troncudos e mal-humorados, vem uma vez por dia. Quando chega-se aos EUA, todos são despejados em algum lugar, e o carro volta para o México para buscar novos passageiros. Justo, não? Enquanto isso, voa-se, pela American Airlines, pelo mesmo preço em condições extremamente piores – a primeira classe nem nos dá o direito a manter contato humano!
E o que os estadunidenses fazem com as pessoas que, após tanto trabalho e dinheiro gasto, chegam ao seu país simplesmente para trabalhar e ajudar os EUA a crescer? Deportam-nas de volta, é claro! Este mundo está realmente muito estranho. Fazer compras na quinta avenida é permitido; trabalhar, não. Talvez seja mais um daqueles ideais norte-americanos. Vai entender.
Mas a questão verdadeira é: e o Brasil nessa história toda? Bem, nossa pátria amada também é uma potência mundial cheia de imigrantes! Vejam só! E ainda tinha gente que achava que nosso país era decadente. Só em São Paulo, existem inúmeras comunidades de bolivianos, peruanos, panamenses, guatemaltecas e outros hispânicos que aqui vivem. Igual aos EUA. Há aqui também, como na Europa, africanos, asiáticos, gente de todos os cantos do mundo. Existem inclusive europeus e norte-americanos. Qual a diferança, então? A diferença é que o Brasil, um país pobre, nenhum problema vê em seus imigrantes. Não quer matá-los, impedir sua entrada no país e nem deportá-los. O Brasil quer simplesmente regularizar a situação dos ilegais e, assim, tirar proveito deles. Foi como eu já dissera: esse mundo é tão estranho.

Especial: Imigração ilegal

Imigração ilegal: um problema mundial
O problema da imigração ilegal volta à tona. A construção de um muro na fronteira com o México, é a cartada dinal dos EUA para diminuir o fluxo migratório entre os dois países. A situação dos mexicanos nos EUA é cada vez mais problemática.
Por Antéia Orteiro
E
Natália Simões


Imigração não é um assunto recente. Desde que países começaram a despontar como grandes potências, milhares de pessoas saem de seu lugar de origem a procura de novas oportunidades em locais onde a vida parece ser mais fácil.
Essa movimentação de indivíduos pode acontecer entre diferentes países ou ainda dentro de um mesmo país. No Brasil, por exemplo, onde a desigualdade é tão grande quanto o próprio território do país, é comum que pessoas saiam do nordeste e se desloquem até o sudeste, região mais desenvolvida do país.
Além da imigração dentro de um mesmo país, é ainda mais comum a imigração ilegal entre diferentes países. Os Estados Unidos recebem diariamente milhares de imigrantes ilegais que tentam superar as fronteiras em busca de melhores condições de vida. A maioria desses imigrantes são latinos e tentam entrar no país passando pelo México. Para isso, se submetem a grupos instalados nas fronteiras que cobram grandes quantias para atravessá-los em péssimas condições. Há nos Estados Unidos grandes movimentos de imigrantes que lutam para serem legalizados.
O problema é que essa migração causa grandes conseqüências nos centros urbanos. Os imigrantes, constantemente, não encontram exatamente aquilo que desejavam e continuam nas mesmas condições - ou ainda piores. Assim, aumenta o índice de desabrigados e aumenta a desigualdade nas grandes cidades. A solução para esse problema seria um investimento, um suporte financeiro do governo que suprisse as mínimas necessidades humanas para que não se mostrasse necessário a esses imigrantes mudar-se para outras regiões.
Segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos sobre Imigração dos EUA, a cada ano, cerca de 1,6 milhão de imigrantes se estabelecem no país; até 2060, quando o país chegar a 468 milhões de habitantes, os imigrantes somarão 105 milhões. O presidente dos EUA, George W. Bush, afirma ser favorável a uma proibição permanente de ingresso no país de imigrantes ilegais. Nas novas propostas para reforma da lei imigratória, Bush defende a idéia de que aquele que for pego cruzando ilegalmente a fronteira, não só será deportado como será proibido de entrar novamente no país por toda a vida. Tais declarações provocam grandes manifestações de migrantes, tanto aqueles que conseguiram se estabilizar quanto aqueles que ainda sonham com tal legalização.


Elvira Arellano, deportada mês passado de volta para o México. Fonte: AFP,http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/08/070820_imigrante_mexico_mv.shtml>BBC Brasil

Ultimamente, o foco desse tema tem ficado no caso da mexicana Elvira Arellano, que lutava para permanecer nos EUA com seu filho e foi deportada. O caso tomou proporções mundiais após Arellano ter ficado refugiada durante um ano em uma igreja em Chicago para que não se separasse de seu filho Saul, de oito anos, e cidadão americano. A repercussão do caso fez com que Saul fosse ao Congresso mexicano fazer um apelo pessoal para que o processo de deportação da mãe fosse interrompido. Porém, autoridades americanas disseram que, para evitar que a família fosse separada, a mãe deveria levar o filho com ela para o México.

Mexicanos nos EUA

Um estudo da Academia Nacional de Ciências mostra que os níveis atuais de imigração, considerando-se tanto legais como ilegais, não se aproxima do número alcançado entre 1850 e 1930. Durante essa fase, a busca por construir uma vida no Novo Mundo fez com que houvesse um grande número de imigrações européias para os Estados Unidos. Apesar da busca pela ascensão não ter se realizado, e a maioria dos imigrantes terem permanecido nas classes mais baixas, seus descendentes conseguiram se tornar americanos comuns, casados com outros grupos étnicos, pertencentes à classe média e de idioma inglês.
Hoje, por outro lado, os imigrantes já não se consideram parte do grupo étnico. Segundo Samuel P. Huntington, professor da Universidade de Harvard, os mexicanos, particularmente, acabam sobrecarregando as fronteiras e o mercado americano, e a aceitação da imigração já não acontece. A não-incorporação dos imigrantes europeus, segundo Huntington, pode gerar uma sociedade latina separada, com valores e culturas distintos.
As diferenças culturais entre os mexicanos-americanos e o restante da sociedade americana é o motivo pelo qual algumas pessoas são contra a imigração mexicana nos EUA. A expressão “inferioridade cultural” seria, para a maioria da população norte-americana, e para todos aqueles que criticam a imigração, o motivo pelo “preconceito”.
Muitos estadunidenses dizem ser contra o investimento financeiro do governo em imigrantes pois as diferenças persistirão com o tempo, já que os imigrantes que vão para os Estados Unidos levam, em sua maioria, mulheres e crianças que se recusam a adotar a cultura americana.
Por outro lado, um artigo do American Journal of Political Science de 1996 aponta dados para a predoninância de mexicanos bilíngues nos EUA, que teriam a mesma paixão pelos Estados Unidos do que pelo seu país nativo. Porém, por mais que esses imigrantes, legais ou não, tentem preservar sua cultura nativa, acabam se adaptando, no sentido de aprender a língua inglesa e absorver a cultura para conseguir ascender socialmente.


O muro no méxico

Uma medida contra o forte fluxo imigratório nos EUA foi a aprovação, pela Câmara norte-americana, em 15 de dezembro de 2005, com 260 votos a favor e 159 da construção de um muro na fronteria entre os Estados Unidos e o México. A barreira, além de conter o tráfico de drogas e a entrada de terroristas no solo americano, visa, principalmente, evitar episódios como o 13 de janeiro de 2001, onde mais de 2 mil imigrantes morreram na fronteira entre os dois países.
O muro, que terá 1.100 quilômetros de comprimento, detectores de movimento e iluminação noturna, está avaliado num custo de US$ 6 bilhões (R$ 12,9 bilhões), e será realizado nos Estados da Califórnia, Arizona, Novo México e Texas.
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, assinou a lei poucas semanas antes das eleições de sete de novembro. Para ele a construção do muro significará um passo importante para o aumento da segurança de fronteira, pois a imigração ilegal vem aumentando por não terem controle total de suas fronteiras. Durante a cerimônia, Bush afirmou: “Temos a responsabilidade de assegurar a segurança em nossas fronteiras. Levamos essa responsabilidade a sério.” A opinião pública americana vêm se mostrando favorável á isso.
Membros do Conguate (Coalisão de Imigrantes Guatemaltecos) estão reunindo assinaturas de imigrantes latino-americanos que moram nos EUA para impedir a realização do projeto, para entregar a lista de assinaturas à senadora democrata Diane Feinstein (Califórnia). Assim, ela poderá votar contra a lei Sensenbrenner, que irá autorizar a construção do muro nas fronteiras e penalizará quem admitir empregos para imigrantes ilegais.
Segundo a antropóloga Elizabeth Brandt, da Universidade do Arizona, esta atitude é proveniente de um sentimento anti-imigrante, e “já que os imigrantes ilegais terão mais dificuldades em chegar aos Estados Unidos, isso irá afetar a indústria agrícola e de construção, que depende dessa mão de obra".
Para o bispo auxiliar do Distrito Federal mexicano, monsenhor Gregorio Rosa Chávez, o projeto irá dividir o mundo entre opostos (norte e sul, pobres e ricos), por isso se trata de uma ofensa à dignidade humana.
A barreira vem sendo comparada ao muro de Berlim, na Alemanha, destruído em 1989. Muitas críticas surgiram com a aprovação do projeto. A Associação de Xerifes do Estado americano, o governador do Texas, Rick Perry e Janet Napolitano, governadora do Arizona, são contra à medida. Napolitano afirmou que "no momento em que for construído um muro de 15 metros, alguém construirá uma escada de 15,5 metros".

Fontes consultadas:

matérias diversas sobre o tema "imigração" em:
Folha de São Paulo
O Estado de São Paulo
BBC Brasil

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

"Aspan" Estabelecerá Segunça de Fronteira

Um acordo entre os líderes dos Estados Unidos, México e Canadá, encerrou hoje a terceira cúpula da Aliança para a Segurança e Prosperidade da América do Norte (Aspan), ocorrida em Montebello (Québec).

A discussão girou em torno das fronteiras em comum. O objetivo é recuperar os atrasos com relação à integração entre os países da América do Norte, enfatizando a segurança das fronteiras, sem comprometer o comércio de mercadorias. A política migratória, por exemplo, foi considerada um setor estagnado até este momento, e tem gerado problemas, que serão sanados com o acordo. Todas as medidas serão tomadas sem comprometer o comércio de mercadorias e o tráfico de pessoas.

Segundo as críticas da imprensa, a aliança significaria uma ameaça à independência política do triângulo. Em resposta, Bush declarou que considera “muito cômicas” as suposições sobre as metas do grupo. O presidente mexicano minimizou ainda mais as críticas, e completou a defesa argumentando que o acordo melhorará as condições de vida dos envolvidos.

O acordo tentará preparar metas para a solução de problemas emergenciais, além de manter a abertura das fronteiras e, desta forma, melhorar a competitividade comercial, que engloba alimentos e outros produtos. Outro ponto em questão a ser trabalhado pela tríade será a questão ambiental e a questão energética, em busca de energia limpa e sustentável.

Em discurso, resumiram: “O Marco de Cooperação Normativa nos permitirá desenvolver planejamentos normativos que são compatíveis em todas nossas fronteiras, por sua vez se mantêm os padrões mais elevados de saúde, segurança e proteção ambiental".



Links relacionados:
notícia do portal g1
notícia do terra
notícia do portal do ig

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

A Polêmica da Rússia

Nos últimos tempos, o presidente russo, Vladimir Putin, tem tomado uma série de decisões que vêm causando um sentimento estranho em alguns países - especialmente na UE e nos EUA. “Moscou (...) [tenta] restabelecer a influência russa na diplomacia, nas finanças e nos aspectos militares de esfera internacional”. É o que foi escrito, pelo portal de notícias G1, sobre as recentes posições tomadas pelo Kremlin.

Nesta quarta-feira, 22 de agosto, a Rússia desafiou a Europa e os Estados Unidos indicando um candidato próprio para a diretoria-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI). Somada a uma outra série de escolhas recentes, a indicação mostra que os russos vêm retomando sua posição de soberania nas decisões mundiais.

Além da indicação russa ao FMI, o presidente Putin anunciou, durante a abertura de uma feira aeroespacial, alguns planos para reviver a indústria militar de seu país. Em um momento de tensão – principalmente militar - entre EUA e Rússia, tais notícias servem para dar mais gás às discussões já existentes sobre uma possível volta ao estado de Guerra Fria.

Desde algumas semanas atrás, a Rússia já vinha adotando alguns procedimentos no mínimo estranhos quanto a questões militares. Bombardeiros russos foram detectados próximos ao espaço aéreo de diferentes países europeus, e o Kremlin vem pressionando os tchecos para que estes não cedam aos apelos dos EUA de construir, na República Tcheca, bases antimísseis – o que, teoricamente, seria uma ameaça à Rússia.

Leia mais sobre a Guerra Fria:

http://www.learningcurve.gov.uk/coldwar/
http://www.tvcultura.com.br/aloescola/historia/guerrafria/index.htm

Links relacionados à matéria:

artigo no The Herald Tribune
artigo do portal G1
artigo do jornal O Estado de São Paulo

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Sangue no apartamento dos McCann pode ser da garota Madeleine

Policiais de Leicestershire encontram sangue no apartamento alugado pelos pais de Madeleine


O caso da garota inglesa Madeleine, 3, que desapareceu no dia 3 de maio deste ano na Praia da Luz, Portugal, adentrou mais uma etapa. Após meses de procura intensa, Maddie, como é chamada pelos pais, ainda não foi encontrada. Já especulou-se que os próprios pais tivessem matado a filha, ou que ela tivesse morrido acidentalmente após ser deixada sozinha em um apartamento enquanto os pais jantavam, ou ainda que um pedófilo a tivesse seqüestrado. Inúmeras pistas falsas sobre o paradeiro de Maddie foram dadas a polícia; agora, após recolherem uma amostra de sangue no apartamento no qual Madeleine dormia, os policiais esperam, finalmente, conseguir chegar a algo concreto sobre o possível seqüestro.

Policiais de Leicestershire, que ajudam a polícia portuguesa no caso, usaram cães farejadores para encontrar pistas dentro do apartamento. Em uma das paredes do local foi encontrado sangue, imediatamente mandado para Birmingham, aonde uma equipe de cientistas fará testes para cruzar as informações com os DNAs de possíveis seqüestradores.

Um suspeito, visto em diferentes países com uma garota que bate com a discrição de Madeleine, pode colocar todo o plano em xeque, ou ao menos complicá-lo; se o seqüestrador não for britânico, as amostras deverão ser enviadas aos diferentes países europeus, na esperança de que, em algum lugar, batam com o DNA de alguém.

Leia mais: Artigo no The Guardian
(no site do The Guardian existem ainda links para matérias com o histórico do caso)