quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Especial: Imigração ilegal

CRÔNICA

Sobre imigração e estranhezas do mundo

Por Lucas Hackradt

A tal da imigração é um assunto que, hoje, não sai de pauta. Literalmente. Todos os dias – tudo bem, talvez não no Brasil -, jornais do mundo todo publicam matérias sobre o tema. Em alguns lugares as notícias adotam uma posição favorável à imigração, em outros, adotam uma posição desfavorável. É uma verdadeira pedra no sapato das pessoas, pois o assunto é polêmico e ninguém sabe ao certo se a imigração é algo bom ou ruim. Aliás, quem decide isso?
A real polêmica que gira em torno do assunto é a imigração ilegal. Como a maioria dos países ricos não quer que sua população tenha seus empregos roubados pelos diabólicos imigrantes, são criadas leis anti-imigração que impedem pessoas de países pobres de se mudarem e/ou trabalharem no primeiro mundo. O problema é que isso obriga aqueles que buscam uma oportunidade a procurá-la pelas vias obscuras. Oras, se não há como viver bem legalmente, viva-se bem ilegalmente!
O que falta para os governos ricos entenderem é que a imigração não é esse bicho de setenta cabeças – se fossem só sete o mundo seria um lugar tão melhor - que eles acham que é. Sem os milhões de latinos que trabalham nos EUA, que seria de George W. Bush? Se não fossem pelos milhões de africanos que moram na Europa, teria o velho continente o prestígio que tem hoje? (aliás, somente uma observação: o time nacional de futebol francês, tão bem cotado, não deve ter mais que 4 jogadores que sejam realmente de origem francesa).
Há estudos que comprovam que nem os EUA e nem a Europa sobreviveriam sem a existência dos malvados imigrantes. A verdade é que os estrangeiros respondem por uma parte imensa das economias ricas. Isso não parece absurdo? Não é o que diriam as milhões de Dolores que limpam as casas dos milionários do primeiro mundo. (que me desculpem as Dolores, mas foi o nome mexicano mais genérico que encontrei).
O preço a pagar por querer ter uma vida melhor nos EUA parece ok para os imigrantes. Pela bagatela de R$11 mil, compra-se um bilhete que dá direito a uma luxuosa viagem em um camburão especial para imigração, juntamente com outras 40 pessoas – no carro cabem, normalmente, umas 25. O carro cruza a fronteira entre o México e os EUA geralmente por um terreno extremamente próprio, cheio de buracos; a refeição, servida por belos mexicanos troncudos e mal-humorados, vem uma vez por dia. Quando chega-se aos EUA, todos são despejados em algum lugar, e o carro volta para o México para buscar novos passageiros. Justo, não? Enquanto isso, voa-se, pela American Airlines, pelo mesmo preço em condições extremamente piores – a primeira classe nem nos dá o direito a manter contato humano!
E o que os estadunidenses fazem com as pessoas que, após tanto trabalho e dinheiro gasto, chegam ao seu país simplesmente para trabalhar e ajudar os EUA a crescer? Deportam-nas de volta, é claro! Este mundo está realmente muito estranho. Fazer compras na quinta avenida é permitido; trabalhar, não. Talvez seja mais um daqueles ideais norte-americanos. Vai entender.
Mas a questão verdadeira é: e o Brasil nessa história toda? Bem, nossa pátria amada também é uma potência mundial cheia de imigrantes! Vejam só! E ainda tinha gente que achava que nosso país era decadente. Só em São Paulo, existem inúmeras comunidades de bolivianos, peruanos, panamenses, guatemaltecas e outros hispânicos que aqui vivem. Igual aos EUA. Há aqui também, como na Europa, africanos, asiáticos, gente de todos os cantos do mundo. Existem inclusive europeus e norte-americanos. Qual a diferança, então? A diferença é que o Brasil, um país pobre, nenhum problema vê em seus imigrantes. Não quer matá-los, impedir sua entrada no país e nem deportá-los. O Brasil quer simplesmente regularizar a situação dos ilegais e, assim, tirar proveito deles. Foi como eu já dissera: esse mundo é tão estranho.

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